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O PALMEIRAS NÃO FOI CRIADO PELO RACISMO!

 


Texto por Ivan Rodrigues

(Foto: Futebol de Campo — 2014) Índios da etnia kariri-xocó torcedores do Palmeiras, acompanhando a partida entre Palmeiras e Sampaio Corrêa.


Esse texto é uma resposta aos principais pontos do texto “O Palmeiras foi criado pelo racismo”, postado no site de mídia independente “Portal Disparada”, assinado por Bonde do Che. Aproveitarei para desmistificar algumas outras falas do coletivo que assim como outras “torcidas antifascistas”, molda a história para agradar seu público leitor, forjando um mundo que remonta qualquer trama hollywoodiana, onde o mocinho é exageradamente bom e o vilão na mesma medida é mau .

Uma das fontes que o Bonde do Che usa, é a tese de João Paulo Streapco, “Cego é aquele que só vê a bola: o futebol em São Paulo e a formação das principais equipes paulistanas: S.C. Corinthians Paulista, S. E. Palmeiras e São Paulo F.C. (1894–1942)”, documento este que também me valerei durante essa análise, e a outra, um texto publicado no blog corinthiano “Brigada Miguel Bataglia” que contém informações conflituosas com a própria pesquisa de João Streapco, que eles dizem ter lido e descrevem como: “de alta credibilidade.” Grifo nosso.

Contexto histórico

O ano chave para se entender os porques da fundação do Palmeiras, é 1914. O futebol é espelho da sociedade e o Palestra reflexo das agitações da vida das comunidades imigrantes italianas estabelecidas em São Paulo no início do século XX.

O motivo da migração dos italianos que fundam o Palestra Itália, não é a fuga do fascismo — evento histórico posterior — neste ponto acertam os críticos, é sim a miséria e a fome presente nas regiões que iniciaram o grande fluxo migratório para o continente americano. Do Norte: Veneto e Lombárdia, e do Sul: Calábria e Campania. Não existia algo como identidade nacional italiana, cada um se identificava com sua cidade e região, separados pela língua, fronteira e cultura, estes só se descobriam italianos aqui no Brasil, onde são alocados como mão-de-obra barata e reduzidos a uma mesma “raça” pelas classes dominantes.

Em 1914, a Itália adentra a I Guerra Mundial, as reações e impactos são imediatos nas comunidades imigrantes, uma espécie de sentimento patriótico infla dentre estes ou bem é verdade, é inflamado. E é neste cenário que meses depois, ocorre a visita dos clubes italianos Torino e Pró-Vercelli F.C. ao Brasil, para enfrentar equipes brasileiras. Com um futebol bem jogado, encheram de orgulho e alegria os membros da colônia italiana e rapidamente os conquistaram como heróis, daqueles que lavam a alma de todas humilhações passadas: da obrigação de migrar ao preconceito sofrido em terras novas. Apesar do texto do blog corinthiano Brigada Miguel Bataglia desacreditar a informação, essa é a principal inspiração para a fundação do Palestra, ser um time para representar a colônia italiana e seus descendentes, praticando esportes em alto nível. Ainda segundo Streapco, o sintoma principal dessa excursão de Torino e Pró-Vercelli em terras brasileiras, não foi apenas a criação do Palestra Itália, mas sim de vários clubes com o mesmo intuito.

Então em 26 de Agosto, alguns jovens imigrantes italianos, funcionários da Indústria Matarazzo em sua maioria, reúnem-se com o intuito de fundar uma agremiação para prática esportiva e cultural que representasse a colônia italiana e seus descendentes.

Edifício onde foi fundado o Palestra Italia.
O quadro de fundadores do Palestra é basicamente composto por operários e profissionais liberais, ou seja, setores baixos e médios da classe trabalhadora e a (vulgarmente chamada) classe média. Então será verdade o que diz Bonde do Che? Quando afirma que:

[…] “ o Palestra Itália foi fundado por operários italianos racistas e subservientes à burguesia italiana estabelecida em São Paulo, que não queriam se misturar aos operários brasileiros, principalmente aos pretos, que compunham o Corinthians — não só em campo, já que o Corinthians só viria a ter um atleta negro nove anos após sua fundação, os palestrinos também eram racistas contra a torcida” — Grifo nosso.

É verdade que preconceitos étnicos foram trazidos, alguns criados e alimentados no seio da colônia italiana, ainda que seja errado generalizar a situação, este era um comportamento notado em italianos de todas as classes sociais. Logo, é verdade a afirmação? Calma lá, vejamos:

Ao ano de fundação do Palestra Italia, era o Corinthians também um clube representante da colônia italiana (seguiu com esse estigma até meados do ano de 1916) que não era composto por negros, nem em seu quadro de associados tampouco entre seus jogadores, era um clube de origem operária e imigrante: italiana, portuguesa e espanhola. Na própria pesquisa de Streapco, há a menção de um relato do cronista e técnico de futebol Vittorio Pozzo (duas vezes campeão do mundo com a seleção italiana), sobre a formação do time corinthiano em 1914:

“Una squadra formidabile in tutte lê linee é il Corinthians, il campione Paulista, che giuoca com uma foga tremnda. Il Corinthians há nelle proprie file italiani o figli di italiani e tutti sone individualmente di classe superiore al media dei giucoatori” — Grifo nosso.

*Um time formidável em todas as linhas é o Corinthians, o campeão paulista, que joga com seu grande entusiasmo. O Corinthians têm em suas próprias filas italianos ou filhos de italianos e todos são individualmente de classe superior à maioria dos jogadores. — Tradução livre.

Ou seja, a formação do Palestra e do Corinthians é um tanto quanto parecida nesta altura, não há essa rivalidade ou esse contraste racial que o texto dos são-paulinos tenta implicar. Vendo o primeiro elenco do Palestra então, constatamos exatamente o contrário, não só não havia rivalidade como havia certa passividade, jogadores atuavam por ambas equipes com o aval da diretoria corintiana.

Quebrada a dicotomia de um clube popular x outro racista, nós podemos derrubar por terra outro espantalho que o Bonde do Che bate sempre que possível, sobre o uso da “Cruz de Savóia”, brasão da família real italiana, adotado como símbolo nos primeiros anos de vida do Palestra, como prova irrefutável da subserviência dos fundadores do Palestra à monarquia italiana. Mas o uso da Cruz de Savoia, longe da cabeçada marketeira do Palmeiras em 2009, não era representar a Família Real italiana, era na verdade uma forma de se ligar com as origens italianas, junto a uma influência do Pró-Vercelli na fundação do Palestra.

Escudo do Pró-Vercelli F.C.

Então o papo que o Palmeiras foi fundado por racistas que não queriam se misturar aos operários brasileiros, “principalmente aos pretos, que compunham o Corinthians ” É UMA MENTIRA! Já que seus primeiros anos de existência, o Palestra já contara com atletas negros em suas modalidades esportivas.

Os negros e a S.E. Palmeiras

O Palestra Itália buscava ser uma potência não só no futebol, mas no esporte como um todo. No basquete, segundo esporte coletivo inserido no clube, o Palestra despontou como força sendo sete vezes campeão paulista, e foi um dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento do esporte no Brasil, sendo um dos clubes fundadores da FPB (Federação Paulista de Basquete).

No atletismo, a equipe do Palestra chegou a conquistar a São Silvestre nove vezes.

O nome da Sociedade Esportiva Palmeiras foi construído muito além das quatro linhas e a nossa formação como clube vitorioso que somos hoje, foi necessariamente negra, ou não seria. A história fala por nós.

Futebol

Segue o Bonde do Che em sua análise:

[…] o Palestra Itália passou por duas guerras mundiais, a ascensão e queda do nazifascismo e o acolhimento de negros nos seus dois maiores rivais locais antes de tomar vergonha na cara e contratar Og Moreira do Fluminense, e não por ter-se tornado menos racista, mas porque estava engajado na campanha de mostrar-se “brasileiro”, ainda receoso pelas ameaças de perda de patrimônio sofridas nos anos anteriores

Assumindo o pressuposto que guia o texto são-paulino, a melhor régua pra se medir a inclusão dos negros no “racista Palestra”, é o “democrático Corinthians”, por surgirem num mesmo período histórico. Fala-se em “acolhimento de negros nos rivais”, então vejamos.

O primeiro negro a vestir a camisa do Corinthians foi Bingo, rapidamente se destacou por sua versatilidade e talento, entretanto sua passagem pelo clube foi muito precoce. Versões aceitas por corintianos, é que o jogador causou “ciúme” no então ídolo do time Neco e por isso foi demitido. O também corintiano João Paulo Streapco, sobre a repentina saída de Bingo, indagou em sua pesquisa: “Além da Liga, será que os próprios jogadores corintianos não restringiram o ingresso de atletas negros?”

Considerando que outro jogador negro, só voltaria atuar pelo Corinthians dois anos depois, é uma versão bem mais coerente. Este outro jogador era Tatu, um homem negro mas não retinto. Surge a dúvida, como um clube majoritariamente composto por negros em sua formação histórica como sugere Bonde do Che, em 11 anos teve apenas DOIS negros: um saindo pela porta dos fundos mesmo jogando acima da média e outro não retinto? Só a mérito de comparação, o Vasco da Gama, este sim de formação histórica negra, no mesmo período histórico já havia sido campeão com um elenco composto por quase todos seus jogadores negros e já havia tido um presidente negro (este último fato nunca ocorreu até a data presente em nenhum dos grandes clubes paulistas).

O mesmo Tatu citado acima, vestiu a camisa do Palestra Itália durante várias oportunidades no ano de 1925 junto de mais quatro jogadores negros, num elenco formado para disputa de amistosos na Argentina e Uruguai, esse é o primeiro registro jogadores negros no Palestra Itália, mas ainda como atletas de outros clubes.

E segue o Bonde do Che:

Mesmo para nós, que odiamos o Palmeiras, e apesar da alta credibilidade da pesquisa, custamos a crer na informação. Como um clube fundado em 1914, cuja parcela de esquerda da torcida exalta a participação na Greve Geral de 1917, só foi aceitar seu primeiro negro na década de 1940? Seriam quase TRINTA ANOS de racismo. Ficamos atônitos.

Ficaram atônitos?! Mas com o que exatamente? Descobrir que existe racismo no Brasil? Que o país que só aboliu a escravidão em 1888, que tem seus últimos registros de pretos escravizados datando 1912 e só promulgou sua primeira lei antirracismo em 1951, mantinha em suas relações sociais o racismo? Que o futebol trazido para o Brasil pelos filhos das classes dominantes racistas, que foram donos de escravos durante quase todo o século XIX, foi um esporte segregador em seu princípio? Quando digo que um mundo fictício é forjado para seus leitores, podemos ver que não é mera força de expressão. Mas voltemos…

Sobre a presença de negros no futebol do Palestra Italia, consultei o historiador da S.E. Palmeiras, Fernando Galuppo, que nos cedeu generosamente alguns registros preciosos; o primeiro atleta negro do futebol do Palestra Itália foi então, Moacyr Conrado Pessoa de Mello, o Moacyr, atacante do Palestra de 1936 à 1937.

Depois de sua saída, o clube ainda contou com Armando D’Angelino, vulgo Macaco, contratado junto ao Comercial da Capital, extinto clube da capital paulista, este que fez sua estreia no time de futebol principal do Palestra Itália em 06/05/1939 e ficou no clube até dezembro de 1942.

Em 1942 chega então OG Moreira, três vezes campeão paulista, este sim então o primeiro negro da história do Palmeiras a se tornar ídolo.

O que podemos concluir é que apesar de OG Moreira não ser o primeiro negro da história do Palestra, a inclusão de negros tanto no Palestra quanto no Corinthians, como no futebol como um todo, foi lenta, devendo muito essa à profissionalização do esporte e o aumento de sua competitividade. Apenas a partir do êxodo de jogadores ítalo-brasileiros para o futebol italiano, os clubes e principalmente a Liga, se viram obrigados a assimilar os jogadores negros, informação confirmada por João Paulo Streapco.

Naquela ocasião, o Corinthians possuía a melhor equipe de futebol da cidade formada por descendentes de italianos, e quase a metade de seus jogadores partiu para atuar pela equipe da Lazio de Roma.

O SPFC nascido durante esse processo de profissionalização, nunca restringiu a presença de atletas negros, mas isso quer dizer que o clube é isento de práticas racistas? Óbvio que não. Aprofundando na pesquisa de Streapco, percebemos que os clubes se abriram para negros, mas nunca os abraçaram, como fizera o Vasco por exemplo. Essa é uma das particularidades do racismo à brasileira, ele é velado, ao abordarmos a história de maneira fantasiosa e fecharmos os olhos pra realidade objetiva, como faz o texto são-paulino, acabomos por reforçar o mito da democracia racial no paraíso Brasil.

Vamos aos fatos, ainda na tese de Streapco:

Na história corintiana, nenhum negro assumiu a presidência do clube ou postos diretivos de relevância, ou dirigiu a equipe como treinador. Na prática, esses jogadores ingressavam no clube como funcionários do clube, quase como operários da bola. E alguns deles ganharam notoriedade e bons salários, mas não significava que tivessem qualquer possibilidade de ascender às estruturas administrativas do clube ou ser admitidos como sócios votantes.

Atletismo

Para acabar de vez com essa falácia de que o Palmeiras é intrinsecamente racista e segregador, já em 1923 e 1924 o Palestra Italia tinha na formação de seu quadro de atletismo, atletas negros, como podemos ver abaixo:

Equipe de Atletismo do Palestra em 1924. (Imagens cedidas por: Fernando Galuppo)

Em 1925 o Palestra, foi o primeiro dentre os grandes clubes da capital na época, a contratar uma equipe apenas de atletas negros, vindos da Associação Atlética São Geraldo (clube formado APENAS por negros). O “Bloco Cyclone” era uma equipe de onze atletas liderados por Antônio Coelho Filho, a partir daquele ano todos passaram a integrar a equipe de atletismo do Palestra.

“Pelo diabo advogando”, isso os são-paulinos não poderiam mesmo saber, essas informações (tal qual as imagens reproduzidas)foram conseguidas com muito custo, em contato com o Galuppo (que como dito me foi muito solícito)e garimpando uma página palestrina do Facebook administrada por historiadores da S.E. Palmeiras, chamada Academia de História do Palestra Palmeiras.

Deixando explícito como cabe a S.E. Palmeiras também, democratizar sua história, para que não se abra precedentes pra “clarinadas”*, nesse caso “são-paulinadas” ou toda sorte de má-fé.

*Referente a matéria do El Clarin que atrela a imagem do Palmeiras ao fascismo.

Imagem: Academia de História do Palestra Palmeiras
Atletas do Palestra campeões da São Silvestre de 1929. Imagem: Academia de História do Palestra Palmeiras

E esses fatos não são apresentados como uma tentativa de dizer: “Vejam, aqui nunca houve racismo.” Não, quem o faz é tão canalha quanto. Mas a ideia do Palestra como um clube que não tolerava a presença de negros, é uma falsificação da história.

E a ala esquerda da torcida palestrina vem nos dizer que “o fato de Jair Bolsonaro torcer para o Palmeiras desrespeita a história da entidade”? Desrespeita porra nenhuma, totalmente condizente com um político que acha que gente preta deve ser “pesada em arrobas”.
Aquela grotesca festa que vimos na entrega da taça do Brasileirão do ano passado tem raízes históricas. — diz bonde do Che.

Trabalhar a história sob uma visão classista, é estar pronto para contra-atacar. Assim é a sociedade, assim também são os clubes, vivendo processos dialéticos de embates entre setores progressistas e reacionários durante toda sua vida orgânica. Numa linha desonesta poderíamos atacar o Bonde do Che, ora, como um clube de raízes progressistas e populares teve em seu quadro de associados o fascista Getúlio Vargas ou teve entre seus dirigentes fervorosos apoiadores da Ditadura Militar? — É como respondem alguns palmeirenses: Se tivemos um histórico racista e até mesmo fascista, como pudemos fazer um jogo para arrecadar fundos pro PCB?

Mas não é assim que se trata a história. Entendido uma vez que, o que define as posições políticas de um clube são esses embates, fruto de contexto social e político, se faz necessário demarcar linha de classe para definir uma atuação correta nos dias de hoje. Nós somos um clube fundado por operários que participaram sim da greve geral de 1917, contra os mesmos burgueses que alguns anos depois viriam a se aproximar e se apossar do clube.

Quando dizemos que é um desrespeito com a nossa história a imagem desse sujeito vinculada ao nosso time, trata-se de um acertado balanço histórico por parte da Torcida que entende seu papel nesses embates, que compreende nossas raízes são operárias e imigrantes, que por essas origens em dado momento histórico, sofremos com a xenofobia oriunda das ideias dominantes de um Brasil semi-colonial, e que portanto torna-se inadmissível hoje, o clube apoiar os anseios da classe que representa Jair Bolsonaro, que se estrutura sobre a mesma base de ideias que custaram ao Palestra ser aceito e aos que o fundaram, um tratamento dignamente humano.

As raízes históricas do racismo no futebol são as mesmas que hoje embranquecem as arquibancadas e higienizam os clubes e se havia alguma dúvida sobre o caráter classista da presença do oportunista Bolsonaro na festa do título do nosso decacampeonato brasileiro ano passado, a presença de Major Olímpio na festa do título paulista do nosso maior rival tratou de deixar isso bem claro.

Charge: “Não somos a escória da humanidade” (VINOLI)

Agora já podem nos acusar de “clubistas”, recurso único, já que não dá pra brigar com os fatos (que nunca são mencionados ou esclarecidos, apenas negados). E não venham com justificativa de “normal num clube de colônia” porque Portuguesa, Juventus e Jabaquara (fundado Hespanha Foot Ball Club, clube da colônia espanhola de Santos) aceitaram negros bem antes e o Palestra aceitava atletas que não fossem italianos, desde que fossem brancos.

Apesar de posicionamentos coerentes sobre a conjuntura política, o afã em construir no Palmeiras um inimigo ideológico, torna a análise do Bonde do Che sobre nossa história, fraca, mentirosa e desonesta.

Apesar de toda fraseologia e estética revolucionária, apesar de todas as gírias e apelo excessivo em dizer que são da periferia, não conseguem fazer mais do que qualquer playboy universitário identitarista de “torcida antifa” de internet, que reduz a história a qualquer coisa, com narrativa embasbacada de vilões e mocinhos para assim satisfazer egos e aglutinar curtidas.

“Chamem-nos clubistas” — diz o Bonde do Che, ao contrário dos “progressistas palmeirenses” que vivem se desculpando nas postagens deles, clubista também sou, dispenso qualquer babação de ovo dos nossos rivais, mas se só clubistas fossem, ao menos exporiam o passado racista do Corinthians — a quem só faltam chamar de digníssimos camaradas da prática do desporto. Se quisessem construir qualquer processo autocrítico, iniciariam-a no próprio quintal, claro que o clubismo tem em sua gênese uma porção mímima de desonestidade, mas o Bonde do Che o faz até beirar a canalhice.

Como a maioria das pessoas do mundo fora da telinha, escolhi meu time na infância e formei minha visão de mundo e posicionamentos políticos bem depois disso.

Fora da telinha: O Palmeiras e o seus rivais continuam sendo escolhidos como time de pobres, ricos, negros e brancos. Fora da telinha também, o futebol está sendo mercantilizado para que cada vez mais os pobres e pretos fiquem longe das arquibancadas. Enquanto na telinha vocês inventam, que aqui existe contradição ideológica ou dicotomia entre o clubes. Esses mesmos clubes através dos cartolas, junto a CBF se aproximam do governo fascista de Bolsonaro.

O Palmeiras não nasceu do racismo, pra tristeza de muitos, talvez nem exista nenhum “embrião hitlerista” no futebol brasileiro pra assumir esse papel. Mas existem racistas que não querem negros e nem querem pobres no futebol e eles estão nesse momento, sentados numa mesa tomando as decisões pelo seu clube.

Deixemos então o revisionismo histórico pros canalhas. Seguimos nas ruas e nas arquibancadas que é onde o mundo acontece, atentos e combatendo todo tipo de oportunismo.

Alguma ou outra bibliografia:

“Cego é aquele que só vê a bola.” O futebol em São Paulo e a formação das principais equipes paulistanas: S. C. Corinthians Paulista, S. E. Palmeiras e São Paulo F. C. (1894–1942), João Paulo Streapco <<https://www.ludopedio.com.br/v2/content/uploads/310351_Streapco%20(M)%20-%20Cego%20eh%20aquele%20que%20so%20ve%20a%20bola.pdf >>

Esclarecendo: Razões históricas do ódio palestrino, Brigada Miguel Bataglia. <<https://brigadamiguelbataglia.blogspot.com/2012/07/esclarecendo-razoes-historicas-do-odio.html>>

A CAMISA MAIS FIEL À HISTÓRIA DO PALMEIRAS, Bonde do Che. <<https://www.facebook.com/bdc.tti/posts/2217949431780015>>

Terceira Camisa do Palmeiras 2009 Cruz de Savoia, (Comercial Adidas/Palmeiras) <<https://www.youtube.com/watch?v=trQeKz-U1AM>>

O NEGRO NO PALESTRA — AS PRIMEIRAS CONQUISTAS, Academia de História do Palestra Palmeiras. <<https://www.facebook.com/Academia.Historia.Palestra.Palmeiras/photos/a.338700416178162/622249091156625>>


Texto por Ivan Rodrigues, originalmente postado no Medium: https://ivanrodrigves.medium.com/